07 agosto 2013

Meu livro favorito



O Castelo de Vidro é um livro admirável. Na verdade, a coragem e a transparência da autora em expor as intimidades tristes e frustrantes da sua infância já valem a compra do livro.
Eu, no lugar dela, teria muita dificuldade para contar tantos detalhes da minha vida, dos problemas peculiares (e, no caso dela, bota peculiares nisso!) que toda família tem e reviver tudo de novo, até as lembranças que ela sempre tentou esquecer, para reunir em uma obra biográfica.
Se qualidade inquestionável e capacidade singular de envolver o leitor emocionalmente são consolos, valeu a pena toda a dificuldade que a autora diz ter passado ao doar a sua vida do jeito que ela fez, porque o livro é imperdível!

E a criança suja, com pais sem noção, cheia de fome e de sonhos ter se tornado uma escritora de sucesso mundial é praticamente um milagre, o que torna a história real ainda mais incrível. E, mesmo sendo ela a personagem principal, conseguiu escrever um livro quase imparcial, falando dos absurdos cometidos pelo pai e pela mãe, quando necessário.

Diferente de muita biografia por aí, a família não era perfeita, o clima não estava sempre ensolarado e a vida não era sempre (na verdade, não era quase nunca) um mar de rosas e, mesmo assim, ela não se faz de coitada, consegue ser até engraçada e não exagera no drama.

Tirando a história fenomenal, ainda tem a leveza e a maestria com que o livro é escrito, fazendo com que o leitor leia metade do livro em um único dia, sem nem se dar conta. Depois de ler O Castelo de Vidro virei, de verdade, fã de Jeanette Walls. Acabamos gostando até do seu pai que, apesar de ser um sonhador sem um pingo de responsabilidade, amava demais seus filhos. Em uma passagem especial do livro, o pai oferece um presente à filha, já que não tinha dinheiro para comprar nada material:

 — Escolhe a tua estrela favorita — disse ele naquela noite. Ele disse que eu podia ficar com ela para mim. Ele disse que era o meu presente de Natal.
 — Você não pode me dar uma estrela! — falei. — Ninguém é dono de uma estrela.
 — É isso aí — disse ele. — Nenhuma outra pessoa tem uma estrela. Basta você declarar que tem antes dos outros, que nem aquele carcamano do Cristóvão Colombo, que declarou que a América era da rainha Isabel. Declarar que uma estrela é tua tem a mesma lógica.

Com esse gostinho, você vai resistir a O Castelo de Vidro?

3 comentários:

  1. Talvez escrever o livro funcione mais como uma forma de "exorcizar"!
    achei lindo o post e só aumentou minha gana de ler esse livro!
    beijo da Luci!

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  2. Acho que ela escreveu pra mostrar que apesar de tudo, ainda dá pra ser feliz. Independente da vida que vc tenha, você faz sua própria felicidade.

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  3. Uau!!!!!!...Eu não disse Leidiane que tudo que você me indica eu gosto? Me interessei por essa obra pois eu gosto de uma drama clássico e sem exagero. E pelo que eu pude ler nessa resenha é exatamente o que se trata O Castelo De Vidro. Irei ler com certeza! :)

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