01 novembro 2015

After: Verbalizando o que sinto.


1 mês esperando um livro (Saraiva teve problemas com o emissão da minha Nota fiscal), para lê-lo em apenas um dia. Hardin é assim. Todos os 5 livros foram lidos em apenas um dia. Sabe quando você começa e não consegue fazer mais nada na vida a não ser terminar de ler? 

       Nunca, em meus 27 anos, senti tantas emoções conflitantes por causa de um personagem. Uma mistura obscena de raiva, ódio, amor incondicional, compaixão, medo e tantos outros. E o pior de todos, reconhecimento. Reconhecer meus próprios defeitos e medos em alguém tão... problemático. Vishous (Irmandade da Adaga Negra) era a única pessoa que nem é pessoa de verdade que sempre me fez sentir como se me conhecesse melhor que todos a minha volta. Porque nós somos iguais, os mesmos sentimentos, os mesmos medos, os mesmos desejos desajustados. Somos iguais, exceto pelos 16 idiomas e a inteligência - dele. Sempre que releio sobre ele, meu corpo dói, a dor se torna física, pois sei, já senti na pele, como é ser diferente num mundo onde todo mundo quer e diz que você tem de ser igual a todos física, psico e emocionalmente. Mas onde eu coloco todos os sentimentos medonhos e as dores que vivem em mim? Será que existe um local onde eu vá, jogue tudo lá dentro, tampe o pote e comece a me sentir igual aos outros e não deixe mais que as dores do meu passado tome conta da raiva que explode?
Não sinto que Hardin me conheça, sinto como se fossemos um só. Ele é mais intenso que eu, graças a Deus. Mas eu me vejo nele. E isso me faz verbalizar a temida pergunta "Será que sou tão desajustada assim?". 
Seria certo dizer que Hardin é desajustado? Tem como ou é certo julgar uma pessoa pelos demônios que ela carrega? Não sei a resposta para essas perguntas, mas sei que não deixei que as dores que senti façam parte do que sou hoje, mas sei também, que por mais que os anos passem, elas vão sempre fazer parte de mim e me fazer lembrar que o meu caminho é ir em frente e não regredir. O passado faz parte da alma, não dá para jogar fora como uma roupa velha rasgada, que não nos serve mais. Superar, dia após dia, é isso que a vida é. É isso que ela sempre será. 

        Senti tanto ódio de Hardin quando ele vai para a casa dos antigos "amigos". Tanto ódio, que cheguei a cogitar fechar o livro e não lê-lo mais, depois jogá-lo na parede, pisotear e rasgar tudo que sobrasse dele. Burro! Filho da Gemma! Jumento! Ódio! 
Senti mais ódio dele que de V, quando deixava a Jane para voltar pro Commodore. Um ódio tão intenso que se Hardin fosse uma pessoa física, eu o teria matado com minhas próprias mãos. 
"Um vampiro de 300 anos pode se dar ao luxo de ser um escroto ao menos UMA vez. Mas um idiota de 21 anos não pode se dar ao luxo de ser escroto TODAS as vezes." Gritei pra mim mesma.
Com V, apesar da raiva que senti, tinha a certeza de que ele não havia aprontado nada. Me matava o que ele estava fazendo com a Jane. Por que era a Jane e apesar de eu amá-lo mais que qualquer coisa literária nessa vida, eu tb amo a Jane e sentia tudo que ela estava sentindo com o distanciamento dele. Cheguei a um ponto com ele, que também já estava querendo que o Butch salvasse a situação. Mas que não deixasse que fosse outra pessoa. 
Com Hardin é e sempre foi diferente. Eu o amo. Amo mais do que dá pra explicar e não parecer louco. E com ele não havia segurança e tudo que eu poderia imaginar de pior, eu sabia que ele poderia fazer em dobro. Porque ele é como eu. E isso é estranho. E apensar de gostar da Tessa, ela é tão burra quanto ele. Jane, não. Jane sempre foi forte. 
Sempre me coloco no lugar de Hardin e o único momento em que realmente consegui me sentir como a Tessa, foi quando ela quase enlouqueceu, era como se eu tivesse vendo a mim mesma, 17 anos atrás, ouvindo This i promise you do N´sync incansavelmente no cd. Naquele momento, eu queria fazer picadinho do Hardin. Torcer osso por osso e depois passar no triturador. 
O amor nos leva ao extremo e ver como somos fracos a ponto de deixar que outro indivíduo faça de você o que quiser, é surreal. O pior de tudo, é que acontece com milhares de pessoas. Milhares de pessoas que lutam contra isso, mas acabam sucumbindo, por que o amor é sempre mais fácil. É doloroso ver como deixamos de existir quando nos doamos demais.

          O quinto livro foi muito intenso. E me fez descobrir que eu tb sou um pouco como Tessa. Não as melhores qualidades dela, mas aquela maldita certeza de que mesmo que me mate, o meu amor vai sobreviver e que vou perdoar e ser paciente. As fraquezas dela são como as minhas. 
Gostei do rumo que a vida deles seguiram. Realmente precisavam de um tempo pra se descobrirem individualmente. E eu sempre ficava com aquela sensação familiar de que logo um deles meteria os pés pelas mãos. Já esperando o chute no estomago. 
Sobre o After dele. Achei a coisa mais linda do mundo e não vi motivo pra Tessa dar o chilique que deu. Ela passou um ano pedindo que ele se expressasse e quando descobre que ele faz isso, ela acha ruim. 
Gostei deles terem se descoberto e mesmo assim não perderem sua identidade. Depois de tudo que Tessa viveu, realmente teria de se tornar uma pessoa mais forte. E amei mais ainda o fato de Hardin ter suas qualidades aprimoradas, mas ainda lutar contra seus defeitos, não apenas ter se tornado um cavaleiro em armadura branca. Amo quando os personagens são pessoas reais. 

Passei o dia sofrendo por ele. Quando li a última frase, não aguentei a sensação de vazio que ficou. Meio que me senti fazendo terapia junto com Hardin. Foi um grande momento de aprendizagem para mim também. Estava ansiosa para saber como Anna lidaria com os demônios de Hardin e pedia silenciosamente para que ela não fosse o tipo de autora que transforma o sapo em príncipe apenas com um beijo da princesa. Os demônios de ninguém somem num piscar de olhos, é um processo lento e doloroso e leva anos para aprendermos a lidar com eles da forma certa e não deixar que um momento de fraqueza nos faça virar as costas pro caminho a nossa frente e dar dois passos para trás.
Estou ansiosa pelo livro do Landon e não sei se quero que a esposa seja a Dalilah. Acho que gosto mais da Samantha. Kkkkkkkkkk 
Amei as partes Hardin/Noah sendo amigos/inimigos. Quando Noah fala que Hardin mais do que ninguém, sabe como é roubar a namorada dos outros, eu tive de rir alto. Hardin/Landon também é incrível. E ri bastante com os dois. 
Eu não sei se conseguiria manter um relacionamento com Hardin, mas sei que tentaria. Imagine nós dois, loucos de raiva e quebrando tudo pela casa, falando o que não sente só pra magoar o outro e sendo duas mulas teimosas? Acho que o mundo todo nos odiaria. Pessoas como Hardin e eu não devem se relacionar com outras como nós. O oposto ajuda a manter a sanidade das coisas. Graças a Deus tenho a minha "Tessa". 

        Não sei se algum dia terei sanidade suficiente para reler e sofrer tudo de novo. After foi um baita de um sofrimento bem sofrido pra mim. Me apeguei demais ao Hardin. E o último livro, em especial, foi muito doloroso. Mas me serviu como terapia e para eu entender melhor as coisas que sinto e faço. Não é bonito de se dizer, mas eu estava esperando que ele me ensinasse alguma coisa ou apenas me fizesse entender coisas que ainda não entendo. Tenho alguns dos grandes defeitos dele. E vê-lo lidar com tudo aquilo foi meio que uma esperança pra mim. Ele é muito do que não gosto em mim, diz coisas que sabe que não deveria, apenas pra machucar. E eu sou do mesmo jeito. É estranho olhar pro livro e sentir como se alguém estivesse falando de mim e me jogando na cara tudo que não gosto sobre mim e tudo que eu queria que fosse diferente. Mas não é tão fácil mudar isso, porque quando fico magoada ou com raiva, quero que o mundo vire a bagunça que eu sou e estou sentindo. Assim como Hardin, venho tentando ser melhor a cada dia, pelas pessoas que amo e principalmente por mim, para eu poder ser o que quero. Já fui como Tessa e isso não deu certo para mim, pois como ela, chegou um momento em que achei que iria enlouquecer. Então aprendi a ser como Hardin e hoje tento chegar a um meio termo. Dizer sim todas as vezes e tão prejudicial quanto dizer não todas as vezes. Acho que todos nós temos um pouco de Hardin e Tessa, ainda bem. Por que a perfeição me assusta. 
Já estou falando demais. Deixa eu calar a minha boca. 


Nenhum comentário:

Postar um comentário