21 junho 2013

O beijo das sombras

O som da voz dele me perturbou, e eu não consegui responder. Eu não conseguia parar de olhar para ele. A força que me empurrara até o seu quarto me empurrava agora para ele. Desejei muito que ele me tocasse, quis tanto que mal podia suportar aquela sensação. Dimitri era maravilhoso. Era inacreditavelmente lindo. Eu sabia que, em algum lugar, alguma coisa ruim estava acontecendo, mas não parecia importante naquele momento. Não agora que eu estava com ele. Com trinta centímetros de distância entre nós, não era nada fácil beijar os lábios de Dimitri sem que ele me ajudasse. Então, em vez disso, fui em direção ao seu peito, querendo sentir o calor, a suavidade daquela pele.

 - Rose! - exclamou ele, dando um passo para trás. - O que você está fazendo?
 - O que você acha? Eu me aproximei dele novamente, sentindo uma urgência de tocá-lo, de beijá-lo e de mil outras coisas.
 - Você está bêbada? - perguntou ele, fazendo um gesto de defesa com as mãos.
 - Quem me dera. - Tentei me esquivar dele, depois parei, sentindo-me momentaneamente insegura. - Pensei que você quisesse. Você não me acha bonita? Desde que nós nos conhecêramos, desde quando surgira aquela atração, ele nunca me dissera que eu era bonita. Ele dera pistas, mas não era a mesma coisa. E, apesar de todas as declarações que eu ouvira de outros caras de que eu era a sensualidade em pessoa, eu precisava ouvir aquilo do único cara que eu realmente queria.
 - Rose, eu não sei o que está acontecendo, mas você precisa voltar para o seu quarto. Quando fui novamente na direção dele, Dimitri estendeu os braços e agarrou meus pulsos. Com esse toque, uma corrente elétrica atravessou os nossos corpos, e eu o vi esquecer tudo que o estava preocupando segundos antes. Alguma coisa o capturou também, alguma coisa que o fez subitamente me querer tanto quanto eu o queria. Ele soltou, então, os meus pulsos, e subiu as mãos pelos meus braços, escorregando-as lentamente pela minha pele. Prendendo-me ao seu olhar escuro e faminto, ele me puxou para junto de si, pressionando o meu corpo contra o seu. Uma das mãos dele subiram até a minha nuca, entrelaçando os dedos no meu cabelo, e levantando-me o rosto para perto dele. Ele abaixou os lábios, quase roçando-os nos meus. Engolindo em seco, eu perguntei novamente: - Você acha que eu sou bonita? Ele me olhou com um ar extremamente sério, como sempre fazia.
 - Eu acho você linda.
 - Linda?
 - Você é tão linda que chega a doer em mim.

 Os lábios dele vieram para junto dos meus, primeiro suaves, depois violentos e famintos. O seu beijo me consumiu. As mãos dele, que estavam nos meus braços, escorregaram para baixo, até a barra do meu vestido. Ele agarrou o tecido e começou e começou a puxá-lo para cima. Eu me dissolvi nesse toque, me dissolvi no beijo dele e no jeito como aquele beijo esquentava a minha boca. Suas mãos continuaram escorregando cada vez mais para cima, até que ele tirou o vestido pela minha cabeça e o jogou no chão.

 - Você… Você se livrou rápido desse vestido - disse eu, com a respiração pesada. - Pensei que gostasse dele.
 - Eu gosto - disse ele. Sua respiração estava tão pesada quanto a minha. - Eu adoro esse vestido. E então ele me levou para a cama. Eu nunca ficara completamente nua com um cara antes. Deu um medo danado, embora tenha me excitado também. Deitados nos lençóis, nós nos grudamos um ao outro e ficamos nos beijando. As mãos e os lábios dele se apossaram do meu corpo, e cada toque era como fogo se alastrando na minha pele. Depois de desejá-lo por tanto tempo, eu mal podia acreditar que aquilo estivesse mesmo acontecendo. E não só todo o contato físico entre nós era maravilhoso, eu também gostava muito de apenas ficar perto dele. Eu gostava do jeito como ele me olhava, como se eu fosse a pessoa mais sedutora e mais maravilhosa do mundo. Gostava do jeito como ele dizia o meu nome em russo, murmurando-o como uma reza: “Roza, Roza…” E, no meio disso tudo, havia, em algum lugar a mesma voz instigante que me incitara a ir até o quarto dele, uma voz que não parecia vir de mim, mas que eu não conseguia ignorar. “Fique com ele, fique com ele. Não pense em mais nada a não ser nele. Continue tocando nele. Esqueça todo o resto.” Eu ouvia. Não que eu precisasse de qualquer incentivo extra para me convencer a ficar com Dimitri. As chamas no olhar dele me diziam que ele queria fazer muito mais do que o que nós já estávamos fazendo, mais foi indo devagar, talvez porque soubesse o quanto eu estava nervosa. Dimitri continuou vestido com as calças do pijama.
[…] Ele trouxe o meu pescoço para baixo até bem perto da sua boca e me beijou. Seus dentes roçaram levemente a minha pele, de um jeito diferente de como os vampiros costumam fazer, mas toda mordida pode ser muito excitante. […] Então ele me fez rolar, tirando-me de cima dele, e se posicionou em cima de mim novamente. Voltamos a nos beijar, dessa vez com mais paixão. Com mais urgência. “Ai, meu Deus”, pensei. “Eu finalmente vou fazer isso. Vai ser agora. Estou sentindo.”

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